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segunda-feira, janeiro 26, 2004

Dum Dum 


Nem Fátima nos salva da melga de Felgueiras.

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quinta-feira, janeiro 22, 2004

Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa 


Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa
Aquele homem mal vestido, pedinte por profissão que se lhe vê na cara,
Que simpatiza comigo e eu simpatizo com ele;
E reciprocamente, num gesto largo, transbordante, dei-lhe tudo quanto tinha
(Exceto, naturalmente, o que estava na algibeira onde trago mais dinheiro:
Não sou parvo nem romancista russo, aplicado,
E romantismo, sim, mas devagar...).
Sinto uma simpatia por essa gente toda,
Sobretudo quando não merece simpatia.
Sim, eu sou também vadio e pedinte,
E sou-o também por minha culpa.
Ser vadio e pedinte não é ser vadio e pedinte:
E' estar ao lado da escala social,
E' não ser adaptável às normas da vida,
'As normas reais ou sentimentais da vida -
Não ser Juiz do Supremo, empregado certo, prostituta,
Não ser pobre a valer, operário explorado,
Não ser doente de uma doença incurável,
Não ser sedento da justiça, ou capitão de cavalaria,
Não ser, enfim, aquelas pessoas sociais dos novelistas
Que se fartam de letras porque tem razão para chorar lagrimas,
E se revoltam contra a vida social porque tem razão para isso supor.

Não: tudo menos ter razão!
Tudo menos importar-se com a humanidade!
Tudo menos ceder ao humanitarismo!
De que serve uma sensação se ha uma razão exterior a ela?

Sim, ser vadio e pedinte, como eu sou,
Não é ser vadio e pedinte, o que é corrente:
E' ser isolado na alma, e isso é que é ser vadio,
E' ter que pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte.

Tudo o mais é estúpido como um Dostoiewski ou um Gorki.
Tudo o mais é ter fome ou não ter o que vestir.
E, mesmo que isso aconteça, isso acontece a tanta gente
Que nem vale a pena ter pena da gente a quem isso acontece.

Sou vadio e pedinte a valer, isto é, no sentido translato,
E estou-me rebolando numa grande caridade por mim.

Coitado do Álvaro de Campos!
Tão isolado na vida! Tão deprimido nas sensações!
Coitado dele, enfiado na poltrona da sua melancolia!
Coitado dele, que com lagrimas (autenticas) nos olhos,
Deu hoje, num gesto largo, liberal e moscovita,
Tudo quanto tinha, na algibeira em que tinha olhos tristes por profissão

Coitado do Álvaro de Campos, com quem ninguém se importa!
Coitado dele que tem tanta pena de si mesmo!

E, sim, coitado dele!
Mais coitado dele que de muitos que são vadios e vadiam,
Que são pedintes e pedem,
Porque a alma humana é um abismo.

Eu é que sei. Coitado dele!
Que bom poder-me revoltar num comício dentro de minha alma!

Mas até nem parvo sou!
Nem tenho a defesa de poder ter opiniões sociais.
Não tenho, mesmo, defesa nenhuma: sou lúcido.

Não me queiram converter a convicção: sou lúcido!

Já disse: sou lúcido.
Nada de estéticas com coração: sou lúcido.
Merda! Sou lúcido.

Álvaro de Campos

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DOBRADA À MODA DO PORTO 


Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

Álvaro de Campos


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Thank you Voxx 


"Today I saw a man using an empty whiskey flask as a walkie-talkie"

8 Ball by Underworld

today
today

I saw a man

today

I saw a man
using an empty whiskey flask
as a walkie talkie

today
today

I saw a man

today

I saw a man
with a flaming eight ball
tattooed on his arm

today

today
today

I saw a man

today

I saw a man
using an empty whiskey flask
as a walkie talkie

today
I met a man
who threw his arms around me

and you give in...

today...

we laughed
we laughed waiting for a train
for a few into the city
seconds today
that great stuff
that great stuff
that stuff
that stuff makes me feel waiting for a train
feel into the city
feel today
happy today


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quarta-feira, janeiro 21, 2004

Baby or probe? 


(para contexto, espreite www.muitomaumuitobom.bolgspot.com)

Probe: You gotta be kidding... right?
Isso foi tirado do Inimigo Público?

O que me lembra: o Inimigo Público é bastante muito mau, muito bom, ou vice-versa, ou ambos
O que me lembra 2: gostava que este blog fosse publicado em livro, postumamente ou depois da minha morte, consoante o que acontecer primeiro - obrigado pela linha, Woody Allen :)

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segunda-feira, janeiro 19, 2004

Generation Old 


Sempre que vou ao cinema e no fim me levanto da cadeira, ainda fico à espera que o assento salte e recolha para trás.

É uma pequena marca de uma geração que não conviveu desde sempre com as pipocas, o super-sorround e os love-seats dos multiplex.

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segunda-feira, janeiro 05, 2004

Produtor de conteúdos 


Tanto para contar, tão pouco tempo.

Não será a melhor conclusão de um qualquer dia?

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